Bioética e o futuro pós-humano: Ideologia ou utopia, ameaça ou esperança?
DOI:
https://doi.org/10.46525/ret.v29i1.127Resumo
Resumo: Um dos maiores desafios para a bioética neste início de século XXI, batizado como
“o século da biotecnologia” é a chegada da era do pós-humanismo ou transumanismo. Estamos
começando a considerar seriamente possibilidades de “trans-humano” através de melhoramentos
biotecnológicos das capacidades humanas biológicas tais como, tempo de vida, tipo de personalidade
e inteligência, reprogramação da mente humana, só lembrando alguns elementos. A
genética, a nanotecnologia, a clonagem, a criogenia, a cibernética e as tecnologias de computador,
a biogerontologia e medicina antienvelhecimento, são parte de uma visão pós-humana,
que inclui até a idéia de formar uma mente computadorizada, livre da carne mortal, e portanto,
imortalizada. Para os pós-humanistas a biologia, a natureza humana tal como a conhecemos
hoje, não é um destino, mas antes algo que deve ser superado e modificado.
Tratar-se-ia de uma versão contemporânea de Prometeu, o titã grego que roubou o fogo sagrado
dos deuses? Não seria isto um mero cientificismo a ser combatido, que pretende re-engenheirar
a natureza humana, e até criar biológica e tecnologicamente seres humanos superiores? Para
outros, todos estes esforços, são vistos como um progresso no desenvolvimento de forças
tecnológicas para o “melhoramento humano”. Trava-se uma batalha entre duas grandes visões
de militantes, os chamados “pós-humanistas” e os “bioconservadores”. Portanto estamos na
gangorra entre ameaças e esperanças, ideologia e utopia. Necessitamos de referenciais éticos
para discernir entre as transformações que são salutares, e aquelas que são destrutivas e que
se precisa evitar.
Abstract: One of the major challenges confronting Bio-ethics at the beginning of this century,
as it was baptized as the “Century of Bio-technology” is the arrival of post-humanism
or trans-humanism. We are beginning to consider quite seriously some possibilities of being
“trans-human” from the point of view of bio-technical improvements of human biological
capabilities such as the lifespan, types of personalities and intelligence, reprogramming
of the human mind, just to mention some of its elements. Genetics, nano-technology,
cloning, cybernetics as well as the technologies of the computer, bio-gerontology and the
medicine against old age, all of these are new components of a post-human perspective
which include the idea of forming a computerized mind, freed from mortal flesh and therefore
immortalized. For the post-humanist`s, biology, human nature as we know it today
is not destiny, but rather something that has to be overcome and modified. Could it be a
contemporary version of the Promethean myth, the Greek titan who stole the sacred fire
of the gods? Wouldn`t it be merely a degenerate scientific tendency which ought to be
fought against because it pretends to apply engineering techniques to human nature, and
envisages even more by trying to create superior human beings by means of biological
techniques? On the other hand, to someone else all of these efforts are held as positive
steps of progress in the development of technological means for “human improvement“.
Thus we are facing a battle between to militant visions, the so called “post-humanists” ,
and the “bio-conservationists”. We are on the seesaw of threats and hopes, ideology and
utopias. What we need are ethical signposts in order to discern between salutary transformations
and destructive dangers which have to be avoided.