O desafio hermenêutico da Gaudium et Spes
DOI:
https://doi.org/10.46525/ret.v28i1.169Resumo
Resumo: O propósito do artigo, que se concentra na questão hermenêutica, está expresso
no título da Introdução: continuidade, rupturas e espírito do Concílio. Advertindo contra
o perigo de “matar o espírito do magistério conciliar com a arma de sua própria letra”, o
autor começa estudando a Gaudium et Spes como instrumento epistêmico, ressaltando a
dimensão constitutiva do último documento do Concílio, uma “Constituição”. Mostra também
suas “repercussões epistêmicas”, e discute o alcance e valor teológico da ação pastoral no
terreno doutrinário. Situando a GS cinquenta anos depois, o autor distingue entre “doutrina
social” e “dimensão social da doutrina católica”, considera a GS uma “semente plantada na
terra”, e apresenta o conceito de “sinais dos tempos como marco epistêmico”, contrapondoos
aos “sinais de Deus como marco teológico”. Apresenta ainda o espírito do Vaticano II
como suporte epistêmico da relação entre Deus e o seu Povo, e reforça a necessidade de
considerar a episteme de Jesus de Nazaré, um judeu do seu tempo. Finalmente, depois de
considerar a intimidade de Deus no íntimo do ser humano, formula a sua conclusão: não é
possível reduzir a GS a um piedoso conjunto de conselhos pastorais. Os desafios lançados
por essa Constituição conciliar têm um longo caminho a percorrer.
Abstract: The main objective of this article is to analyze the hermeneutic approach which
is expressed in the title of its introduction: continuity, rupture, and the spirit of the Council.
One should be aware of a sense of caution against the danger of “killing the spirit of the
counciliar teaching with its own letter”, as the author starts his study of the document Gaudium
et Spes (GS) as an epistemic instrument, laying stress on the constitutive dimension of the
last document of the Council, which is defined as a “Constitution”. He shows forth its “epistemic
repercussions” and discusses the ambit and theological value of the pastoral activity
as regards the doctrinal area. Looking back at GS fifty years after its publication, the author
distinguishes between “social doctrine” and the “social dimension” of the Catholic doctrine,
he considers GS as a “seed planted in the soil” and presents the concept of the “signs of
the time as an epistemic mark of reference”, as a counter position to the “signs of God as
a theological stamp”. Similarly, he presents the spirit of Vatican II as an epistemic support
of the relationship between God and his People, and reinforces the need to consider the
episteme of Jesus of Nazareth, as a Jew of his time. Finally, after considering the intimacy
of God in the innermost kernel of the human being, he advocates in the conclusion that it is
not possible to reduce GS as a pious monograph of pastoral advice. The challenges raised
by this counciliar Constitution still have a long way to go until they are fulfilled.