Dimensões epistemológicas na economia da revelação
DOI:
https://doi.org/10.46525/ret.v26i2.228Resumo
Resumo: O artigo trata sobre a dimensão paradigmática do modelo gnoseológico semítico
no processo de conhecimento do mistério divino revelado através do Jesus histórico. O
autor apresenta uma perspectiva epistemológica interdisciplinar que incorpora ao discurso
teológico a complexificação das ciências humanas e propõe uma análise da especificidade
humana de Jesus de Nazaré enfocado como sujeito de conhecimento. Sublinha que o Verbo
Eterno entrou humanamente na história no contexto de um sistema cultural com categorías
epistêmicas de matriz diacrônica. Eis um dado capital que até o presente pouco foi levado
en conta no terreno da revelação: Deus se fez carne e alma humana numa civilização com
modelos próprios de conhecimento. Isto não deve ser considerado um acidente. Menos ainda,
esquecido en favor de abordagens metafísicas ou ontologistas do mistério divino. A matriz
epistêmica da civilização semita é o modelo humano de conhecimento escolhido pelo Pai
para se dar a conhecer através do Filho. Por isso, constitui o primeiro paradigma gnoseológico
para abordar a figura de Jesus. É necessário entender a lógica específica da cultura israelita
no processo de incorporação cognitiva, suas chaves e regras de categorização valorativa
dos fatos, enfim, o modelo que transparece, entre outros, nas linguas semíticas, porque,
do instrumento humano para conhecer o mundo e se auto-conhecer, escolhido para Jesus,
segue-se a chave básica de interpretação de sua figura e mensagem.
Abstract: The article deals with a paradigmatic dimension of the gnosiological model
applied to the process of knowledge concerned with the divine mystery which was revealed
by the historical Jesus. The author presents an interdisciplinary perspective to
the epistemology of this subject incorporating the complexity of human sciences in the
theological discourse and offers an analysis of the specific human component of Jesus of
Nazareth, envisaged as the subject of knowledge. Special stress is laid upon the Eternal
Word entering history in the context of a cultural system with epistemological categories
drawn from a diachronic matrix. This represents an important element which up till now
has not sufficiently been taken into account in the area of revelation: God is made flesh
and human soul within a civilization using its own models of knowledge. This is not to be
considered as a mere accident. Much less should it be forgotten in favor of metaphysical
and ontological approaches to the divine mystery. The epistemological matrix of the
Semitic civilization is a human model of knowledge chosen by God the Father in order to
reveal himself through the Son. Therefore it constitutes the first gnosiological paradigm
in order to approach the figure of Jesus. In the process of a cognitive endeavor we have
to understand the specific logic of Israelite culture, its keys and rules of categories, and
evaluating facts, all in all, the model which appears in Semitic languages, because from
the human instrument to be used to know the world and oneself which was chosen for
Jesus is derived the basic key of interpreting his figure and message.