A práxis moral de Jesus e os diferentes estigmatizados
DOI:
https://doi.org/10.46525/ret.v25i2.269Resumo
Resumo: O artigo parte do fato de que, hoje, ressoa forte a reivindicação que assegura o
direito à diferença como o mais sagrado dos direitos. Nessa linha, a valorização das pessoas
com deficiência (cf Campanha da Fraternidade 2006), a afirmação da causa homossexual,
a consolidação do movimento feminista, o emergir do pluralismo religioso etc. Nesse contexto
é que aparece o problema moral: por que o apelo de respeito à diferença nasce como
reivindicação e necessita ser reconhecido como direito e valor ético? Por que a intolerância
costuma tornar-se agressiva, opressora, e pode chegar a ser assassina? A propósito, que
dizer da prática e do discurso da ética cristã em relação aos “diferentes estigmatizados”?
Concretamente, como foi a práxis moral de Jesus nesse aspecto? Partindo do que sabemos
sobre o Jesus histórico, constata-se que ele próprio foi “um diferente estigmatizado”: um “judeu
marginal” no seu tempo, marginalização levada ao extremo pela morte na cruz. Jesus viveu
em um mundo de “diferentes estigmatizados”, em relação aos quais a sua atitude ética foi a
da proximidade. Assim, a sua atitude para com as mulheres, os pecadores e publicanos, os
samaritanos, os personagens excluídos (“impuros”), as crianças, as prostitutas, os pobres etc.
Na conclusão, o autor formula o desafio, do qual Jesus dá concreto testemunho: viver a ética
como “proximidade responsável”, num sentido conscientemente humanizador.
Abstract: The article deals with the fact of great repercussion today laying claim to a right to
assert one’s difference as one of the most sacred rights. In this perspective are mentioned the
recognition deserved by persons with some kind of deficiency (cf. Campanha da Fraternidade
2006), the reassertion of the issue of homosexuality, the reappraisal of the feminist movement,
the resurgence of religious pluralism, etc. In this context a moral problem emerges: why is it
that here comes to the fore the issue concerning a specific difference making a demand as
one’s due recognition by right and ethical value? Why is it that intolerance turns into aggressiveness,
oppression, and degenerates into homicide? By the way, what is to be said about
the dealing and the ethical discourse as regards “different stigmatized” individuals? As a point
in question, what was the moral attitude of Jesus in this regard? Starting from the common
knowledge about Jesus in his lifetime it is known that he himself was branded as different: a
Jew at the margin of society during his time, whose rejection led to the extreme at the death
on the cross. Jesus lived in a world of “different stigmatized” individuals and he showed forth
his ethical attitude of a close relationship. Thus, his attitude towards women, sinners, despised
government employees, Samaritans, individuals excluded from social life (“ritually impure”),
children, courtesans, the poor people, etc. In the conclusion, the author presents a challenge
on the basis of Jesus’ concrete example: to endorse ethical demands in one’s life in terms of
a responsible “proximity” in the sense of a real humanitarian principle.