Igreja e sociedade: entre profecia e legitimação
DOI:
https://doi.org/10.46525/ret.v25i2.271Resumo
Resumo: O artigo quer contribuir para a reflexão sobre a relação Igreja e Sociedade,
partindo de uma leitura de textos de Amós e de Jeremias. A profecia tem
sido fundamental para definir o caráter da religião, que não encontra sua validade
somente nas doutrinas e rituais, mas na incidência na vida concreta das pessoas,
quer dizer, em sua relação com a sociedade em que ela se encontra. Essa relação
entre religião e sociedade está na origem do processo que deu à luz muitos textos
da Bíblia. Ora, é exatamente do encontro ou confronto entre as dimensões da realidade
e a memória da fé que nasce a profecia, como a de Amós, ou de Jeremias.
No caso de Amós, é iluminador o texto do capítulo 2,6-16, no qual se comprova
que, sem conhecimento e envolvimento com a realidade, não há profecia. Também
não há profecia sem memória da experiência do Deus libertador. Por outro lado,
havendo resistência, há profecia, projeto e esperança. Também no caso de Jeremias,
a “palavra de YHWH” não lhe vem das nuvens ou de elucubrações, mas da
vida do seu povo, da sensibilidade do profeta para com a justiça e a injustiça, da
sua capacidade de avaliar e julgar a sua realidade e sociedade.
Abstract: The article intends to present food for thought about Church and Society,
beginning with a reading of texts from the prophets Amos and Jeremiah. The
prophecy was fundamental to define the type of religion which finds its validity not
only in doctrinal statements and rituals but also in the concrete life of persons, that
is, in its relationship with society where it is embedded. This relationship between
religion and society is at the very origin giving rise to many texts of the Bible. In
fact it is exactly the encounter or confrontation between the various dimensions
of reality and the evocation of faith which gives rise to prophecy as for instance of
Amos or Jeremiah. In the case of Amos the text of chapter 2:6-16 is quite revealing
because it tenders in words the proof that without knowledge and involvement in
reality there is no prophecy. Moreover, there is no prophecy without remembrance
of the experience of God as liberator. On the other hand, if there is resistance
against it there arise prophecy, projects, and hope. Also in the case of Jeremiah,
the word “YHWH” doesn’t drop from the clouds or from speculations, but from the
life of his people, from the sensibility of the prophet towards righteousness and
injustice, from the willingness to appreciate and judge reality and society.