Cheia de graça, a não-amada? Ou seja: Lucas 1,28 responde a Oséias 1,6?
DOI:
https://doi.org/10.46525/ret.v23i1.340Resumo
Resumo: O autor parte da hipótese de que o nome com que Maria é saudada
pelo anjo, “Cheia de graça”, em Lc 1,28, corresponde a um dos nomes que o
povo de Deus finalmente recebe, na renovação da Aliança, segundo o profeta
Oséias: “Amada”, ou seja, “Favorecida”, “Agraciada” (Os 2,1). Primeiro, estudase
o texto de Oséias 1,6 e 2,1 no original hebraico e na tradução grega, depois
na latina e nas versões em vernáculo. Segundo, discute-se a legitimidade da
tradução latina, “Cheia de graça”. Finalmente, discute-se a tradução da saudação
do anjo: “Ave”, “Salve”, ou “Alegra-te”, para chegar à conclusão de que, sim,
a “Cheia de graça” de Lc 1,28, sem deixar de ser , individualmente, Maria de
Nazaré, é também, corporativamente, a Filha de Sião “Amada”, Os 2,1, redimida
da condenação da “Não-amada” de Os 1,6.
Abstract: The author begins with the hypothesis that the identification with which
Mary is greeted by the angel as “Full of grace” (Lk 1,28) is due to a parallelism
with the nomenclature in use for identifying the People of God, at the renewal
of God’s Covenant, as expressed by Hosea (1,6 and 2,1), exalting its status as
“Beloved”, “Favored”, and “Endowed with grace” (Hos 2,1). First he begins with
a pertinent analysis of the text of Hos (1,6 and 2,1) in the Hebrew original and
in the Greek translation, then in the Latin translation and in vernacular. Then
follows an inquiry into the suitable rendering of the Latin translation “Full of
grace”. Finally, he deals with the denotations implied in the greeting addressed
to Mary by God’s angel “Hail”, “Hello”, and “Rejoice”, arriving at the conclusion
that the expression “Full of grace” (Lk 1,28) denotes both Mary of Nazareth and,
corporatively, the Daughter of Zion as “Beloved” (Hos 2,1), who is redeemed
from its previous condition of being rejected (Hos 1,6).