A Ética da amizade cristã a partir da Fratelli Tutti
Uma reflexão teológica diante dos desafios do contexto contemporâneo
DOI:
https://doi.org/10.46525/ret.v38i3.1825Abstract
O presente artigo tem como objetivo explicitar e analisar o tema da ética a partir da encíclica Fratelli Tutti (FT) do Papa Francisco, destacando a importância de lançar luzes sobre alguns desafios que emergem do contexto contemporâneo e que obstam uma verdadeira experiência de amizade. Sabe-se que o cristianismo está ancorado sobre a ideia da amizade enquanto Deus que se comunica com a humanidade em Jesus pelo Espírito Santo, tornando-se, assim, amigo de todos(as). A amizade é uma expressão do amor que enobrece o ser humano e eleva as relações a um nível de confiança muito profundo. O Papa Francisco fala em amizade em sua dimensão humana fundamental e na dimensão social. Na atual cultura, marcadamente individualista, a referência nas relações reduz-se às necessidades do próprio indivíduo que busca incessantemente satisfazê-las e obter prazer, em detrimento do outro. No cristianismo, o outro é a referência do eu. Emerge daí uma ética centrada na amizade enquanto expressão deste amor e felicidade. Nesta reflexão, pretende-se retomar, a partir da FT, uma ética da amizade que responda aos desafios que o contexto contemporâneo impõe. Tratar-se-á disso, aqui, em três partes. Na primeira, serão abordados alguns desafios do momento atual para a amizade social. Na segunda, se compreenderá como a tradição bíblica e eclesial lidou com o tema da amizade. Na terceira, retomará a visão de esperança que brota da FT e seu desdobramento para a prática cristã. Assim, a análise contribuirá no destaque de uma ética da amizade que nasce da própria revelação em Jesus Cristo, que traz luzes e esperanças para o contexto atual.