“Deus viu que tudo era muito bom”
O jardim como dádiva e a criação em colapso
DOI:
https://doi.org/10.46525/ret.v39i3.1904Resumen
Este artigo aborda aspectos da crise ambiental atual sob a perspectiva de Gn 1.31, que diz “Deus viu que tudo era muito bom”. O texto bíblico apresenta a criação como dádiva aos seres humanos e chama ao uso responsável dessa criação. De acordo com a análise de Van Rensselear Potter, o “pensamento perigoso” do modelo civilizatório exploratório sugere que, embora o progresso material prometa felicidade individual, seu destino é o colapso. As necessidades básicas dos seres humanos devem ser atendidas; contudo, os desejos por consumo excessivo são insaciáveis. A teologia bíblica destaca a relação amorosa com a criação simbolizada pelo cuidado com o jardim, que deve ser visto como uma concessão para o uso responsável, e não como propriedade. Nesse contexto, Jürgen Moltmann oferece importantes referências teológicas. O objetivo deste artigo é promover uma reflexão sobre a criação como dádiva e o compromisso das pessoas com o cuidado com todas as formas de vida, diante da ameaça de um “juízo final” resultante do colapso do paraíso. A teologia cristã, fundamentada no relato da criação, confessa “Creio em Deus todo poderoso, criador do céu e da terra”, implica um cuidado responsável com a criação para evitar que o chaos, o tohuwabohu, se instale e transforme o paraíso em um inferno onde a vida, como a conhecemos, não seja mais possível. A luz, como primeiro ato da criação, dissipa as trevas, assim como Cristo é a “luz do mundo” que traz esperança em meio às forças destruidoras do chaos. A metodologia empregada para a investigação do tema em questão é de natureza bibliográfica, fundamentada na literatura especializada e em dados disponíveis on-line.