A persistência da geografia da fome no Brasil do século XXI
DOI:
https://doi.org/10.46525/ret.v37i3.1744Abstract
Este artigo objetiva descrever o perfil da população brasileira que passa pela insegurança alimentar em diferentes gradações: leve, moderada e grave, tendo como base fundamental a releitura das obras de Josué de Castro e outros aportes bibliográficos que tratam da pobreza e das políticas sociais, bem como relatórios de pesquisadores de entidades públicas e não governamentais que produzem indicadores sociais e suas análises. A fome, como fenômeno social, tem suas raízes históricas fundadas nas desigualdades sociais advindas de uma sociedade excludente, concentradora de renda e riqueza. Estas desigualdades afloram nos indicadores de pobreza e de miséria, com a consequente insegurança alimentar que atingiu 58,7% dos brasileiros em 2021/2022, dos quais, 15,5% em situação de insegurança alimentar grave. A fome ainda persiste e tem seu mapa geográfico concentrado nas regiões Norte e Nordeste do país, principalmente nas suas áreas rurais e seu mapa humano retrata a fome com rosto de mulher: negra ou parda, chefe de família, mãe de filhos menores de idade, com baixa ou nenhuma escolaridade, alto grau de desocupação, trabalhadoras autônomas ou informais, com renda menor que meio salário mínimo, dependente dos programas sociais, que embora vivam em vários lugares deste Brasil, são principalmente nortistas e nordestinas e estão também nas favelas e periferias das cidades brasileiras.