O paradoxo do pluralismo
diversidade e diferença no campo religioso brasileiro
DOI:
https://doi.org/10.46525/ret.v39i3.1855Resumo
O campo religioso brasileiro testemunha uma notável efervescência religiosa – inúmeras instituições religiosas e sistemas de sentido disputam espaço na esfera pública e competem por fiéis. O pluralismo e o secularismo previsto na constituição brasileira, prevê incentivos fiscais para os templos religiosos, que se tornam verdadeiros empreendimentos mercadológicos. O presente artigo busca refletir sobre os liames da relação entre diversidade e diferença religiosa na instituição e manutenção do pluralismo no campo religioso brasileiro. Situa a emergência dos conceitos “religião”, “pluralismo” e “secularismo” no contexto de disseminação da lógica racional moderna ocidentalocêntrica, que se apresentou na esteira do colonialismo e reflete sobre sua pertinência na contemporaneidade, defendendo que tais conceitos carecem ser revisitados e demandam atualizações. Discute alguns pressupostos interpretativos da noção de pluralismo, apontando para a emergência e coerência da perspectiva do pós-pluralismo e do pós-secularismo. Comenta a respeito de algumas peculiaridades da conformação do pluralismo religioso no caso brasileiro. E, por fim, problematiza a questão da liberdade religiosa, indagando sobre até que ponto ela corrobora para o acirramento de um mercado religioso lucrativo e competitivo. Para tanto, foi realizada uma revisão bibliográfica, contando com autores clássicos e contemporâneos congruentes à discussão da área de concentração das ciências da religião.